quarta-feira, 26 de março de 2008

EPIDEMIA




Imagem 1: “O carnaval de 1876”, Revista Illustrada, ano 1, n. 10, 4/3/1876, p. 7. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro
Imagem 2: Revista Illustrada, n. 10, p. 1, 4/3/1876, ano 1. A febre amarela agradece ao ministro do Império a colheita de 80 a 100 cadáveres por dia. O ministro lembra dos serviços prestados também pela Câmara Municipal e a Junta de Higiene. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

90.658 INFECTADOS. 4.160 MORTOS. Ainda não estou falando dos casos de dengue aqui no Rio, mas dos casos de febre amarela que ocorreram por aqui entre dezembro de 1849 e setembro de 1850, quando tinhamos apenas população de 166 mil habitantes. Durante 59 anos a febre amarela foi um fantasma para a cidade. Mas isso era em pleno século XIX! Curioso é que a febre amarela é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue.
A descoberta do mosquito ocorreu no século XIX, por um cientista um Cuba. Oswaldo Cruz, que acompanhava o trabalho desenvolvido em Cuba, conseguiu apoio do presidente Rodrigues Alves, que havia perdido um dos filhos por causa dessa doença. Assim inicia-se os trabalhos dos sanitaristas. Para combater a doença e o mosquito, Oswaldo Cruz dividiu a cidade em distritos e organizou as chamadas “brigadas mata–mosquitos”, que vedavam residências para aplicação de veneno contra o transmissor da febre amarela. As medidas de profilaxia de Oswaldo Cruz tiveram características de uma campanha militar. Os doentes eram isolados, e a cidade ficou sob a constante vigilância das autoridades policiais e sanitárias.

Em 1850, nomeou-se uma Junta de Higiene para acompanhar os trabalhos de controle da epidemia. No ano seguinte, ela foi dotada de um serviço de estatísticas, o primeiro da América do Sul.

O Cólera-morbo atinge o Rio entre 1855 e 1856, com 4.828 vítimas.
Entre 1857 e 1860, a mortalidade por cólera passou a oscilar anualmente, disputando mortes com as vítimas da febre amarela.

Em 1865, ocorre novo pico de mortalidade devido a epidemia de varíola e de outras doenças favorecidas pela aglomeração das tropas com destino ao Paraguai.

Em 1867 e 1868, a cólera-morbo cresce novamente. A tuberculose, as doenças intestinais e a malária crepitavam como flagelos crônicos na capital do Império.

O primeiro plano urbanístico para o Rio de Janeiro foi elaborado entre as mencionadas epidemias de 1873 e 1876, que suscitaram debates sobre a urgência de sanear a capital e remover a grande massa popular do centro para a periferia, De fato isso ocorreu com a reforma promovida no início do século XX pelo prefeito Pereira Passos e outras autoridades ligadas ao governo de Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Dengue

A dengue tornou-se epidêmica no Rio em dois momentos. A primeira epidemia (1986-87) foi causada pelo tipo 1. A segunda (1990/91) foi provocada pelos tipos 1 e 2. As pessoas que tiveram infecção causada por esses tipos estão imunes somente a eles. A circulação de um novo vírus (o tipo 3) no Rio de Janeiro significa que toda a população, mesmo os que tiveram dengue anteriormente, está sob risco de adquirir a infecção. O único modo possível de evitar a introdução de um novo tipo do vírus do dengue é a eliminação do Aëdes aegypti.

Não custa nada lembrar o que TODO MUNDO JÁ SABE, mas o Aëdes aegypti prolifera-se dentro ou nas proximidades casas, apartamentos, hotéis, etc., em qualquer local onde se acumule água limpa, ou seja, vasos de plantas, bromélias, pneus velhos, cisternas etc.

É importante a aplicação de inseticida através do fumacê, com o objetivo de reduzir rapidamente a população adulta do Aëdes aegypti e, portanto, interromper a transmissão. O fumacê, no entanto, não acaba com os criadouros do Aëdes aegypti e novos mosquitos se formam. Por isso, é importante eliminar os criadouros do transmissor, em geral pequenas coleções de água limpa.



2 comentários:

Unknown disse...

Há uma diferença entre o Brasil do século XIX e início do XX, e o de hoje, básica mas fundamental, o Rio de Janeiro era capital do Brasil...hoje nós somos o que? A capital de um estado entre outros vinte e tantos estados...
Temos muito poder público(federal,estadual e municipal)mas quanto comando deste poder público nós temos?

Bjs,

André

Anônimo disse...

A epidemia de Dengue que está instalada hoje no Rio de Janeiro é 99% culpa de uma população mal educada e acostumada a um patrimonialismo que lhe permite culpar o governo por tudo. Se cada doente que ingressasse no hopital tivesse a sua casa inspecionada e a cada foco encontrado uma multa séria fosse aplicada, acredito que este mosquito seria erradicado da Cidade Maravilhosa rapidamente.